|
Artigos Publicados
Educação não é Sacerdócio
(Publicado Profissão Mestre e Gestão Educacional - Jornal Virtual - Ano 9, No
197 - 14/01/2011)
Nos
dias de hoje, não basta possuir informação para se obter o poder; é preciso
fazer bom uso dela e com isso gerir outros negócios.
Ao analisarmos a origem da palavra sacerdócio,
perceberemos que sacer é oriundo do latim e significa “sagrado” e
dos, dotis, tem o significado de “dom” e ser educador não
é cumprir um sacerdócio, trabalho esse realizado por padres e religiosos que
são sustentados pelas igrejas e/ou outras entidades que representam a
religião em si.
Ser professor é uma profissão que merece um estudo sério, uma formação,
visto que ela é a base da construção de um país e de verdadeiros
profissionais cujo sucesso teve como premissa o desempenho de um docente.
O professor é um profissional que se dedica tanto ou muito mais que outros
profissionais de status elevado (engenheiro, arquiteto, médicos, advogados,
etc), mas, equivocadamente, pode simplesmente ser substituído por qualquer
pessoa, como os “amigos da escola”, voluntários, além de profissionais que
se adentram na seara de ensinar, o que desvaloriza a profissão, mostrando
para alguns néscios que, para ser professor, basta querer ensinar.
O sacerdócio para as religiões é uma função sagrada, é como se a pessoa
fosse escolhida por Deus para dar continuidade a sua obra e que, na maioria
das vezes, não precisaria de uma remuneração, visto que para muitos o dom
que recebemos de Deus, deveremos doá-los ao nosso próximo sem nada cobrar, e
o professor, como qualquer outro profissional, precisa cobrar por seu
trabalho e por sua cumplicidade com o desenvolvimento do cidadão e
crescimento da nação, visto que ele é um ser humano como outro qualquer e
precisa do dinheiro para seu sustento.
Obviamente, assim como existem bons médicos, engenheiros, advogados,
arquitetos, existem os não tão bons assim, pessoas que ficam entre medíocres
e sofríveis. Isso ocorre em qualquer profissão, o que não difere do
educador, o que felizmente não representa a maioria. Com o equívoco de
pessoas oportunistas que enriquecem com a ignorância de seu povo e o
conformismo de nossa classe, estes oportunistas oferecem um valor ínfimo
pelo trabalho docente, sendo que este trabalho exigiu, em algumas vezes, um
mínimo de 4 anos para sua formação e outros anos para especializações, sem
contar com as inumeráveis horas de dedicação fora das escolas, que quase
nunca é valorizado.
Podemos perceber que poucos profissionais trabalham em casa fora do horário
de expediente, nos feriados, finais de semanas e, quando o fazem, são raros
os momentos, o que não se encaixa ao educador que, para dar conta e poder
executar um bom trabalho, não se limita às horas em que está em seu local de
trabalho.
É lamentável que pessoas vendam essa ideia de professor ser sacerdócio e
outras tão instruídas a comprem e repassem para os demais, fazendo, assim,
um ciclo vicioso de uma inverdade que se prolifera como um vírus paralisando
a motivação desses verdadeiros profissionais e enriquecendo essa elite
mercenária da educação.
O professor tem a função de educar, palavra esta que apresenta vários
significados, sendo um deles o de salvaguardar e explorar (fazer frutificar)
o potencial de cada indivíduo. O ato de educar deve ter como base algumas
aprendizagens fundamentais que, ao longo da vida, serão de algum modo, para
cada indivíduo, os pilares do conhecimento, fazendo com que o mesmo busque,
cada vez mais, sua emancipação e humanize-se continuamente em sua vida, além
de se fazer protagonista de seu contexto, sendo a diferença para sua nação.
Logo, cabe-nos interrogar o seguinte: Que profissional contribui mais para o
crescimento auto-sustentável de uma nação, para sua valorização como ser,
para uma melhor qualidade de vida, para uma criticidade a ponto deste saber
o que é ou não melhor para si mesmo? Claro que algumas profissões podem até
contribuir, mas essas que podem vir a contribuir passaram por mãos hábeis de
verdadeiros educadores, profissionais da educação que não vêem sua profissão
como um sacerdócio.
|