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Do sujeito Néscio ao
sujeito cognoscente
Com a atual educação pública, o dito de que "nascemos simples e ignorantes"
será complementado com "nascemos simples e ignorantes, e assim
permaneceremos", pois a palavra ignorante é derivada do grego gno, que é
aplicada a ideia do saber, e o prefixo i é uma negação dessa ideia. Com a
atual educação pública, não é trabalhado o saber a seus alunos – saber esse
que deveria levá-los a um protagonismo e criticidade. Essa educação trabalha
mais a alienação e o "emburrecimento". Isso porque ela se esbarra na
burocracia, na corrupção, na falta de ética de muitos políticos, na perda da
dignidade do educador, na baixa autoestima, na omissão da família, no
descaso da sociedade, no excesso de violência e na não “reprovação”,
entendida de maneira equivocada pelos pseudos-educadores.
Ela deveria ser como uma bússola, e esta deveria sempre ter como norte a
cidadania, o protagonismo, a criticidade, o humanismo, a socialização e a
equidade, mas essa bússola lembra um pouco a do Capitão Jack Sparrow
(interpretado pelo ator Johnny Depp no filme Piratas do Caribe). Os
personagens que fazem parte das aventuras desse capitão veem a bússola como
um objeto e até mesmo uma ferramenta sem relevância, simplesmente por estar
quebrada, mas eles não percebem que essa bússola é diferente das outras, ela
aponta sempre para o que você mais quer no mundo. E, se tratando da
educação, o que os políticos mais querem em nosso País é estatística; são
números altos demonstrando que a escolaridade dos estudantes tem se elevado
e trazendo, com essa hipocrisia, alguns analfabetos e um alto índice de
analfabetismo funcional com diplomas de 1º e 2º graus, e um déficit em
letramento além da capacidade para se reso lver problemas cotidianos,
implicando consequentemente em futuros maus profissionais.
Esses formandos e/ou recém-formados servirão para aumentar ainda mais essa
massa de manobra, tratados como gado marcado e destinados a uma medíocre
existência devido a uma manipulação desse nosso sistema falho, corrupto e
corruptor, que violenta a dignidade dos poucos que resolvem deixar cair a
máscara da alienação, a ponto de não iludir-se pela cortina de fumaça com
resultados manipuláveis e equivocados.
Será que ainda poderemos chamar nossos discentes de educandos ou apenas de
estudantes? Estudantes por estarem em uma sala de aula, sendo simplesmente
adestrados nos princípios mais básicos da educação, pois o ato de educar
engloba mudança de comportamento, implica em um devir e em uma criticidade e
em uma cognição, o que vem a reforçar o sujeito como ser cognoscente.
Por sorte, temos ainda bons profissionais da educação. Apesar de serem a
minoria, eles continuam lutando e não sonhando, pois a grande maioria vive
de sonhos e isso diferencia o bom do medíocre, visto que os bons lutam, são
proativos e protagonistas de uma educação que faz a diferença, elevando
assim a dignidade do povo brasileiro e sendo o diferencial nesse nosso
sistema, apesar de a estatística colocar todos os educadores em um mesmo
saco e generalizar a incompetência e a falta de profissionalismo como se
fosse um problema de todos os profissionais.
Com todos esses reveses, os bons educadores são como estrelas em um universo
frio e escuro de indiferenças.
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